segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

LAUDA XXIII

MILTON SANTOS, Z. BAUMAN E A GLOBALIZAÇÃO : BREVES NOTAÇÕES SOBRE O ESPAÇO SOCIAL, O TEMPO E A DOMINAÇÃO.


A relação entre a globalização e o território se define e pode ser entendida, pela atenção dedicada pelas Ciências Sociais à dimensão histórica da vida em sociedade, ou seja, indo além, sobre a própria questão do tempo. Nesse sentido, a dimensão de movimento de um universo temporal determinado, se relativiza, frente à percepção das distâncias e sua multi escalaridade.

Logo, o imbricamento entre a territorialidade e a desterritorialidade, num ponto de vista dialético, leva a uma condição híbrida de multiterritorialidade, num exercício multidimensional que leva a reterritorialização num plano variado. De forma que, a ordem global fundada no fim das fronteiras que arranjam um fim do Estado e assim desterritorializa os sujeitos e as relações sociais encontra na ordem legal um processo fundacional de legitimação internacional desterritorializante, ou seja, planetário.

Globalização, desenraizamento, desterritorialização são processos inerentes uns aos outros e não simplesmente sinônimos, mas que possuem seus contraditos como a espacialidade territorial, a estabilidade e a dimensão local ou regional, além é claro da noção de nacionalidade. Gerando assim uma associação de contradições que concorrem para caracterizar a dinâmica das novas experiências e relações sociais no universo do espaço e do tempo, partindo de pressupostos como a compressão ou desencaixe e de relações de poder, ou seja, de dominações aí envolvidas.



Analisando entre contradições e possibilidades se, e, em que medida, somos “globalizados”, Bauman aponta que há algo de fatalista na história, e na história, as revoluções são inevitáveis. Já que nós, englobados, postos em globos, glóbulos sociais em fluxo constante pelas veias e artérias das cidades cada vez mais nos distinguimos, entre glóbulos brancos, vermelhos, entre tantas formas sociais mais ou menos globulares, em corpúsculos culturais, continuamos nos reproduzindo aos milhões, pelos cantos do planeta-globo.

A globalização é uma epidemia comportamental e os seres sociais são a um só tempo vírus, veículos e vítimas desta, observada no descontrole do consumo, no excesso de controle da liberdade (essa condição panóptica), essa desagregação de classe. Sermos globalizados é aderirmos a esse futuro que ainda não chegou (?) e sermos dependentes desta ilusão, deste presente idealizado e realizado, nem que seja virtualmente.

Em Bauman, encontra-se a crítica da velocidade como a necessidade da releitura do movimento, da passagem, das instituições modernas, da emergência dominante do cotidiano sobre as práticas sociais e como matéria de observação objetiva da realidade social do ponto de vista sociológico. Ser globalizado é ser imerso na emergência dos fatos dos acontecimentos e ir com eles até onde quer que eles nos levem. É reconhecer a centralidade do capital e a depreciação do trabalho.

Os elementos constituintes do complexo fenômeno histórico e processo sociocultural, que denominamos globalização, têm sua gênese em acontecimentos que estão atrelados a novas velocidades, tecnologias e transformações na estrutura político-econômica da vida social, da civilização moderna ocidental, levando em conta seus impactos na atualidade.Em outras palavras, é  possível ler o todo social pelo fragmento, ler o devir pelo presente e, talvez, apontar pelo devir o indefinido e enxergar uma forma no amorfo das relações contemporâneas e suas peculiaridades e os que caminhos que este toma.



Assim, observamos criticamente os três poderes da globalização, sob o ponto de vista de um olhar miltoniano para uma Era sem santos (ou com novos santos). Onde a farsa ou fábula é um primeiro estágio de nossa não percepção, uma espécie primeira sensação impressionada pelas luzes, tecnologias, velocidades e capital. A perversidade, a exploração, a alienação é o que encontramos depois da observação empírica da consciência crítica do mundo do trabalho.

Só quando superadas essas duas etapas anteriores é que se pode pensar e chegar ao porém final que é a constatação da função reprodutiva operada pela ideologia dominante que permite e induz o processo de mundialização do capital à globalização das desigualdades. O seu alcance diferenciado e o uso de técnicas e procedimentos que são operados no interior da práxis global, revelam que a globalização como aplicada atualmente não é inexorável sendo possível vislumbrar uma outra globalização.

Esta outra, fundada na sociodiversidade de culturas, etnias e territórios, centros e periferias, reorganizaria a ordem social dos processos histórico pelo privilégio de interesses sociais e coletivos até então, vilipendiados pelo particular e o privado.



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

LAUDA XXII

QUESTÕES EM ANTROPOLOGIA MODERNA

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Sobre as “formas de subjetivação” e “agência.”



É indispensável a noção de subjetividade no debate dentro do corpus de uma antropologia crítica ou uma sociologia interpretativa, ou seja, no campo de uma ciência social de base hermenêutica. E o desenvolvimento dessa noção ganha importância quando passamos a observar as relações entre as formas da cultura e seu grau de influência no modo como se organizam e se causam afetos, pensamentos na estrutura interna dos sujeitos atuantes.

Observando juntamente com (ORTNER;2007.p.376) “uma luta sobre o papel do ser social – a pessoa, sujeito, ator ou agente – na sociedade e na história.”  na superação  de tradições como a “restrição” social em Durkheim e o Marx de seu “determinismo” social apresenta-se nos anos 60 com Sartre a primazia da liberdade humana.

O Estruturalismo que maduro em Levi-Strauss se diferencia de Durkheim no par dialético liberdade/determinismo apontando para que o “pensamento humano, em si, é simples um efeito, ou um meio, para o puro jogo da estrutura” (ORTNER; 2007; 377-378). Já na leitura de um “homem em dissolução” temos que “a crítica do conceito de “homem” começa a enfatizar não só as suas qualidades ilusórias de um ponto de vista filosófico (o self como um lócus originário de coerência, intencionalidade, criatividade e assim por diante), mas sua especificidade ideológica.” Com bases numa negativa a “um projeto especificadamente ocidental de dominação: os homens brancos colonialistas.”

Ainda, segundo Ortner, nesse debate a teoria social apresenta o pensamento de Bourdieu que no qual “o sujeito internaliza as estruturas do mundo externo, tanto as definidas culturalmente como as objetivamente reais. Essas estruturas internalizadas formam habitus, um sistema de disposições que inclinam os atores a agir, pensar, e sentir de maneiras consistentes no limite da estrutura.” Assim para Ortner “a principal ênfase da argumentação de Bourdieu sobre habitus é nas formas pelas quais este estabelece uma gama de opções e limites para o ator social.”

A mediação entre as formas de subjetivação e agência, se sintetizam em Giddens quando ele aponta para a teoria da estruturação e como esta é produzida pela interação entre o self e a estrutura social em seus mais diversos níveis de gradação e sentido. A partir da questão que remete a ação, sua determinação mostra-se reflexiva e em regime de dualidade.

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Cultura e Identidade Étnica entre os conceitos e a política.



As noções de “cultura” e “identidade étnica” são aspectos cada vez mais determinantes nos debates sobre a sociedade, principalmente no século 20 com a emergência das gerações de populações derivadas de processos de miscigenação e hibridização cultural que disputam espaço nas esferas de poder da sociedade moderna.

Assim o arranjo de definições e categorias capazes de reger as letras jurídicas, por exemplo, que são influenciadas pelos desenvolvimentos conceituais no campo de mobilizações em torno da disputa de frentes de “ação social” envolvidas. As “rachaduras hermenêuticas” permitem um exercício da imaginação sociológica observando aspectos como criatividade política e jurídica. A exemplo do que acontece com o conceito “remanescente”, que historiadores e antropólogos reúnem-se para traçar parâmetros de caracterização desta questão.

Nas Ciências Sociais o debate entre as tradições disciplinares que determinam a análise de conteúdo ligado a essas questões estabelece uma superação sistemática e reflexiva para interpretação da realidade histórica e cultural de certas populações. Nesse sentido é possível exemplificar no caso da definição de “quilombola” como essa representação e identidade, enquanto autodeterminação e justificação legal e o atrelamento ao território, marcam de maneira fundamental o processo reconhecimento e identificação de uma matriz cultural de um agente formador de um ethos, característico, que em sua especificidade marca uma determinada cultura partindo da premissa de que seu ethos configura um conjunto de práticas socialmente compartilhadas.

Enfim, toma-se cultura e identidade étnica como “chaves classificatórias” para a determinação dos debates sobre sujeito, poder no jogo de “controle cultural” da “diversidade de sociedades e culturas” transformadas por “mutações estruturalmente semelhantes entre si” através de mecanismos como isolamento, pureza, contaminação, interação no procedimento para estabilizar a alteridade e neutralizar “populações subalternas que é preciso educar e controlar.”(ARRUTI; 1997;p.10)

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O “sujeito” e a “identidade” na “modernidade tardia”.



Desde de quando Stuart Hall (2003) emerge e com ele os cultural studies, novas fronteiras entre o sujeito fragmentado e multideterminado por estruturas fraturadas surgem para dizer dos avanços no campo da crítica literária e da arte como um todo, e principalmente nas ciências sociais, em especial, a antropologia cultural.

A ideia de sujeito e sua formação de identidade nesse período de pós-modernidade,  traz consigo o signo da indeterminação aliado a radicalização de suas contradições em plano de conflito.O homem que parte em estilhaços, ao mesmo tempo remete-se a pontos distantes no tempo e no espaço para fincar pé e adensar sua dimensão mais própria, sua expressão mais peculiar. E em busca dessa idiossincrasia, que marcaria os campos de significação e autodeterminação do sujeito e sua auto referência identitária, passando pelo processo de reconhecimento.


Afirmam-se cada vez mais pontos de tensão e acirramento das desigualdades, produzindo assim um referencial de aproximações e distanciamentos recíprocos por pontes de transmissão de sentido, num plano estético e simbólico no campo da cultura. As relações “desencaixadas” da modernidade radicalizada, pensando com o auxilio de Giddens (1989), revelam a natureza desta desestruturação das identidades num espécie de desregulação das formas ordinárias do reconhecimento do sujeito quanto a gênero, raça etc..

LAUDA XXI




O “novo humanismo” de Marcel Mauss e a etnografia balinesa de C. Geertz.

Os elementos que passam a compor as fronteiras entre sujeito e objeto no campo da antropologia cultural, na virada epistemológica, com os estudos e as descobertas de formas de pensar e sentir diversos do europeu, este homem ocidental, as novas formas de percepção dada pelo encontro com as organizações sociais africanas, em especial, operou uma distinção entre os universos e processos de atribuição de sentido as ações sociais e a agência em si.

As peculiaridades das dimensões psicológicas e etnológicas desses homens não ocidentais, por assim dizer, revelaram os conceitos que refundamentaram esse homem moderno pós crise do racionalismo iluminista do século XIX. Como dito anteriormente, em consonância com estudos de Joseph Campbell, é possível assim pensar que no contexto da antropologia nesse processo de interação

“a questão era encontrar um significado oculto de fenômenos que se moviam manifestamente em um circuito de significado, que eram símbolos explícitos – um discurso mítico, um ritual -, para Mauss trata-se de fazer falar aquilo que se supunha essencialmente mudo.” (BRUMANA, 1983; p.14)

Podemos de tal modo atestar o impacto com que essas complexas formas de expressão e simbolização das crenças, dos rituais, do corpo, da política, da identidade, de si, como a exemplo no caso do choque que arte africana causa no cubofuturismo de Picasso. Esses sinais de redefinição da estética apontam para indícios que deixam perceber a necessidade de novas formas de perceber o homem moderno e as suas formas de representação do real. O que, ainda segundo essa tradição de pensamento francês ao qual Mauss faz parte, nos
“indica a explicação sociológica daquilo que esta escola francesa chamava “representações coletivas” – isto é, as categorias com as quais membros de uma sociedade determinada se expressam, se comunicam, tratam de compreender e controlar a realidade.” (BRUMANA, 1983.p.12)

Segundo a minha compreensão, sobre os indícios do pensamento de Mauss (2003) reflito que, as relações dos homens são postas sobre as categorias de sujeito e pessoa, personagens e máscaras em construções de papéis em dramas sagrados, ou seja, cosmológicos, num complexo jogo entre entidades metafísicas, na representação de substância e modo; pessoa moral, no que tange a valores; e pessoa jurídica, sem desprezarmos a questão de conceitos como corpo e alma, levando em conta a transcendência como em um neo-kantismo herdado de Durkheim. O que o leva a afirmar que “É evidente, sobretudo para nós, que nunca houve ser humano que não tenha tido o senso não apenas do seu corpo, mas também de sua individualidade espiritual e corporal ao mesmo tempo.” (MAUSS; 2003; p.371)

“é que nada do que acontece na realidade social pode ser remetido, como fonte de explicação e/ou justificação, a uma transcendência; ao contrário, essa transcendência – Deus, o sagrado – é que deve ser remetida explicativamente à Sociedade.” (BRUMANA; 1983, p.11)

Em Geertz a etnografia entendida como ciência interpretativa honrando a tradição hermenêutica com um dos seus mais contundentes postulados, com a ênfase na produção simbólica e a preocupação metodológica de operar uma “descrição densa” e com profundidade em busca do significado. Marcado por um conceito de cultura influenciado por Weber no qual o homem está preso a teia de significados derivado de uma “ação social dotada de sentido”, onde a superação da aparência, da realidade e suas dimensões, numa compreensão do real como um texto. Nesse movimento de decifração e desvelamento o simbólico e seu conteúdo de sentido aparente se tornam chaves de entendimento do mundo moderno.

“Porque, em suma, é do homem que se trata. Mas não do homem como fantasma ideológico e impostado, um vazio repleto de retórica. É o homem como totalidade dupla, como processo de reconstrução crítica (crítica, já que deve negar a análise desintegrante) do decomposto na ideologia: em um nível, corpo, alma, inteligência, produções materiais e espirituais, etc.; em um outro nível as distintas humanidades dispersas e segregadas no tempo e no espaço: o maori e o parisiense dos subúrbios, os antigos escandinavos e os hindus, os romanos e os algonquim. Este homem único talvez possa formar a base de um novo humanismo”(BRUMANA, 1983; p.14)


A dualidade entre o “mundo sensível da cultura” e o “mundo inteligível das estruturas socioculturais” configuram enquanto um momento de correlação entre a linguagem posta entre a interpretação e a descrição bem como ocorre entre a operação da distinção entre literatura e antropologia que resiste. Bem como a relação entre compreensão e explicação do símbolo nos remete ao pensamento de que “a antropologia sobreviverá e se tornará cada vez mais necessária enquanto se aprofundar as questões de alteridade e os abismos entre nós e outros.”

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

LAUDA XX

DO EVOLUCIONISMO CULTURAL ÀS RAÍZES DA ANTROPOLOGIA SOCIAL.



É tempo de novas teorias e no século 19 engendra-se todo um outro arranjo intelectual através do racionalismo iluminista e a necessidade de se obter lógicas respostas acerca da origem da humanidade e do seu processo de “civilização” e das “sobrevivências” da “Cultura”. Bem como estabelecer modelos teóricos para explicar o mundo social qual a “aritimética social” de Tylor e as estruturas de parentesco de Morgan, além de Frazer com o “método comparativo”. 

Estão dadas as coordenadas para a investigação sobre os diversos graus e raças inferiores que se hierarquizam através da cultura e se configuram enquanto civilização, esta rede de conexões de costumes e “crenças”, que  se reúnem sobre o conjunto de sobrevivências de necessidade e perpetua-se nos ritos sociais.

Formulada sob uma concepção racialista, a ideologia desta escola de pensamento se apoiava nas concepções biológicas poligenistas. A possibilidade de pensar a humanidade composta de várias raças permitiu a hierarquização na ordem de desenvolvimento, evolução das sociedades com o predomínio a distinção da partir de características físicas.

O ideal romântico, projeção decadentista de uma unidade psíquica humanista de que leis gerais de causas naturais regem os movimentos societais influenciou o pensamento evolucionista, tecendo  características elementais sobre arte, religião e ciência e os artefatos materiais e as estruturas de parentesco forma-se o paradigma de cultura no contexto do evolucionismo operando relações entre os estágios entre a selvageria e a civilização.

A sequência unilinear de tempo e linha de desenvolvimento e complexidade das instituições e das estruturas denota o mais simbólico da evolução  que é observada arqueologicamente a respeito de ideias como o primitivo e o selvagem. Darwinismo, positivismo, racialismo, evolucionismo social em suas dimensões políticas, econômicas, materiais, simbólicas e no que pese seus ritos e cerimônias suas manifestações religiosas e seus fenômenos “mágicos” que criam a crença como retoma Marcel Mauss. 

Perpassando um conjunto de elementos, se faz necessário o aprofundamento da crítica nos propósitos de dominação a que serviam estes postulados dessa escola teórica chamada Evolucionismo no campo da Antropologia, os clássicos princípios fundadores das ciências sociais.

De tal modo deparamo-nos com os alicerces do pensamento racional positivo que dominou a Europa no século 19 assim que declarada as novas orientações intelectuais pela nova classe dominante e fez da academia francesa um polo gerador de uma visão de mundo etnocêntrica e baseada em artifícios políticos para legitimar um processo de exploração e consumo do planeta, da cultura da humanidade.
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SOBRE FRAZER E MORGAN E AS TEORIAS DA CULTURA.

Evolucionismo cultural, esta linha da cultura intelectual que pensa a “origem da cultura” emerge no século 19 trazendo à tona os conceitos de evolução, mudança, progressão. Teoria que segundo Tylor “os argumentos se fundam em distintas raças no mundo inteiro em favor da teoria e na frequência dos costumes de nossa civilização como sobrevivências de outras antigas e ainda se encontram em pleno vigor entre os povos primitivos”.

Obra sobre uma explicação sobre a origem da civilização e seus processos de desenvolvimento. Antropólogos antes de Darwin como Spencer. Recuperando também elementos de parentesco e estrutura qual Frazer postulava três etapas de evolução: magia, religião e ciência, prediletando a ciência como mais desenvolvida.Teóricos se importam com a concepção de crescimento no desenvolvimento, em que a cultura primitiva de Tylor observa-se a religião sobre a óptica dando um cunho de costume de costume e cultura sobre a lente da “aritmética social” e seu valor de determinação de leis gerais para o processo de desenvolvimento da cultura.

Enquanto Morgan apresenta a tese no seu livro Sociedade Primitiva de que as sociedades viveram em estado de selvageria barbárie e civilização e em progresso natural. O autor descreve os iroqueses e começou os estudos comparativos de estágios culturais em antigo, intermediário, recente que são determinados por fatores econômicos, políticos, sociais e religiosos.

A)  SELVAGERIA (antigo). SUPERIOR/ALTO: {Desde a invenção do arco-e-flecha}
                                                        MÉDIO: {Desde a dieta do peixe ao uso do fogo}
                          INFERIOR/BAIXO: {Desde a infância da humanidade. Pré Hominideos.}
B)    GREGOS (homérico). SUPERIOR/ALTO: {Desde a fundação do ferro como uso de ferramenta.              
                                         MÉDIO: {Domesticação dos animais e culturas do milho e plantas por meio da irrigação; uso de tijolos, dobe e pedras.}
                                 INFERIOR/BAIXO: {Desde a invenção da cerâmica ex: iroqueses.}
C)    CIVILIZAÇÃO (recente). {Desde a invenção do alfabeto fonético, com o uso da escrita até nossos dias.}

Já Frazer (1854-1941) abordando a evolução cultural e social e sua relação direta com a arqueologia permite comentar o Ramo de Ouro no qual emerge sua projeção do método comparativo trabalhando com lendas nórdicas. Estabelecendo uma relação entre costumes e ideias selvagens com as doutrinas fundamentais da cristandade e lendas e mitos de todas as partes do mundo.

O autor de fato realizou uma obra descomunal face a dimensão da investigação das mitologias e costumes que retratam a profundidade etnográfica.Sob o signo de pesquisadores como Spencer e Darwin, Frazer e suas “relíquias” – categoria – de crenças e costumes dos selvagens “que sobrevivem como fósseis entre povos de cultura mais elevada” colocariam em movimento a evolução.

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BOAS E A CRÍTICA: A ÓPTICA HISTÓRICA.


No que tange a Franz Boas e a sua revolução metodológica na abordagem do evolucionismo cultural, configurando assim a superação do pensamento de evolução uniforme da cultura, propondo assim um novo método de pesquisa a partir do desenvolvimento  histórico da civilização em oposição ao positivismo cultural e sua busca por leis gerais que regem o descobrimento das formações sociais entre todas as raças e povos.

Dessa forma Boas trabalha o pensamento em direção ao particularismo histórico  como determinação do fundamento de sua teoria oriunda de um forte senso do debate entre os historicistas e evolucionistas. Boas se afasta da concepção de raça opondo a ela a ideia de distinção pela cultura e seu processo difusionista dos costumes e fenômenos. Empiricista de método – particularismo histórico – em diálogo com as sensações físicas e percepções psicológicas desembocando na relativização concebendo a desinência de costumes entre os povos  e a necessidade de cada sociedade que interpenetram-se.


Logo, Boas responde por uma série de avanços técnicos, teóricos e metodológicos que representam o virar-se do pensamento social do ocidente para uma racionalização compreensiva de sustentação numa história difusionista de hábitos e totens, funções e significados, realizando estudos empíricos de processos nas áreas culturais através da indução se distanciando da lógica dedutiva do método comparativo dos evolucionistas qual Frazer e Tylor. Levando o estudioso da antropologia pensar numa relação direta entre difusão cultural e dominação social.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

LAUDA XIX

O BRASIL DE DARCY RIBEIRO E ROBERTO DAMATTA : UMA INTERPRETAÇÃO SÓCIO-ANTROPOLÓGICA PARA UM ENTENDIMENTO DA NAÇÃO E DO BRASILEIRO DO PONTO DE VISTA RELACIONAL E TRIDIMENSIONAL.

“Desigualdades sociais profundas dividiam os baianos entre senhores e escravos, brancos e negros, ricos e pobres livres e libertos. O número destes, sobretudo mestiços e negros, vinha crescendo vigorosamente desde a segunda metade do século XVIII. Entretanto, como ocorreu em outras sociedades escravagistas, a economia baiana mostrou-se pouco flexível à incorporação da mão de obra livre ao mercado de trabalho. Por conta disso, o homem livre assumia a condição de verdadeiro deslocado. A escassez de empregos obrigava a maioria deste contingente livre a viver de ocupações passageiras e instáveis. Além do mais, havia da parte dos homens livres pobres uma atitude de permanente desconfiança e, em certos casos, até de recusa em vender sua força de trabalho. Para muitos homens livres era preferível viver na mendicância a se sujeitarem a relações de trabalho que os equiparasse à condição e escravos. Dentro dos referenciais de uma sociedade escravista, o fato de não possuírem escravos e viverem do próprio trabalho já era sinal de extrema pobreza.” (FRAGA FILHO, Walter. Mendigos, moleques e vadios. Salvador: EDUFBA, 1996)

Sobre a fundação do mundo brasileiro, fração luso-africana em terras ameríndias se pode afirmar que se deve a um conflituoso e bélico processo social, político e cultural, onde possa-se entender bélico, não apenas, no seu sentido original mas também, na perspectiva de enfrentamento biológico e ecológico, enfrentamento das forças produtivas europeias e o continente americano em exploração.

Essa “guerra” étnica, religiosa, ideológica daria origem a uma América lusófona, essencialmente hibrida racial e genesicamente indeterminada entre os poderes de uma classe dirigente atrelada à economia externa e um povo subalternizado em suas determinações históricas.

Assim, uma “comunidade imaginada” inventa a realidade formal para ordenar as relações sociais, vivificando seu desenho e contornos num plano de nação em suas contradições, bem como suas gradações de sentido sociológico e antropológico, com questões que lhe são caras, como o mito da “democracia racial” e a questão do Estado de direito orientado pela violência e exclusão social.

A compreensão deste país aos olhos dos autores que intitulam esse ensaio, vão ao encontro dos pontos críticos que puncionam as ambiguidades e atualizam os privilégios de cor, de classe e a saber, de um modo vivendi que corporifica através de  práticas e condutas como o servilismo, o preconceito, a patronagem, a reificação de uma consciência nacional socialmente assentada no “desfazimento” e caldeamento que dissolvem um pretensa auto-identificação de um “povo novo”.

I.

Se tomarmos como ponto de partida a “herança”, ou melhor, a marca indelével gravada na pele e no tecido social da vida brasileira, a sociedade nascida do fluxo e reflexo escravagista e na acumulação dos senhores de engenho e barões do café, reproduz sobremaneira a dialética capitalista de inspiração hegeliana – na clássica demonstração da lógica senhor/escravo – a não ser pelo incremento de um terceiro elemento na operação deste principio científico, que com base no materialismo histórico, que orienta Darcy Ribeiro – a presença do mestiço.

Que de alguma forma, enquanto “pobres livres e libertos”, não incorporados diretamente ao mercado de trabalho, que seria ocupado por imigrantes como aponta Darcy, se encontram na condição de marginal no processo econômico e social brasileiro.

Esse grupo indeterminado, posto entre o establichement e os subalternizados, produziu um corpus social distinto que, “rejeitando o trabalho que os equiparasse à condição de escravos” preferiam viver na mendicância, ou armações e atividades informais ou pequenas ocupações, ainda que em extrema pobreza.

Essa esfera que se forma, serve de contra peso nos jogos sociais que se operam dentro da lógica do Brasil formal, que precisando de uma massa refém do servilismo e dos possíveis benefícios do Estado nacional, dão início ao que de forma articulada e pensada, segundo Damatta vai ser a base da vida nacional que é a noção de relação que se estabelece em função de interesses e serviços que se podem prestar uns aos outros.

II.

Nesse campo se estabelecia objetivamente a cidadania do brasileiro que nesse sentido de num misto de transfiguração étnica na ideia darcyniana, aproximada da inclusão realizada pelo plano institucional no qual a “relação” insere o sujeito e os grupos gradativamente outorgando-lhes, direitos e, por conseguinte,privilégios legais.

III.

A unidade territorial geográfica, linguística da nossa economia política ainda assim não permite uma uniformidade no plano das relações raciais, éticas, de gênero e étnica marcada pela luta de classe pela desigualdade social características de um país colonizado e explorado.

IV.

A construção de uma “ética múltipla” e triangular que pautada na dialética entre o liberalismo econômico, o paternalismo, o mercado livre e o capitalismo hereditário  articulando o principio do escravismo com o individualismo que atinge um campo de influência reflexiva numa perspectiva relativista. O que no Recôncavo da Bahia, a natureza social reflete sobremaneira os pontos abarcados pela teoria de Damatta onde um sistema arquitetado entre parentescos e poder político, poderes econômicos e prestígios sustentam a exploração do povo negro e alimentam a dominação dos grupos dirigentes preservando o grupo mediano no balanceamento da estrutura social.

V.


O status de um povo novo, num gênero humano original, onde o “cunhadismo” foi uma das primeiras práticas de cordialidade que anteriormente o invasor estrangeiro é deslocado para a categoria de membro da tribo pelo casamento com uma das moças índias, dando origem a um não-índio, hibrido este que desde a origem é sensível a propósitos históricos e sociais alienados.    

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

LAUDA XVIII

Max Weber : a Arte e o Belo (excertos).






“Um artista só quer ser artista, e por isso passa dias inteiros em seu ateliê, esculpindo, pintando, ou em um quarto , compondo, escrevendo. Tudo é arte, tudo lhe parece com arte. Ele não quer ser mais do que é.” 



“O belo não precisa ser verdadeiro, não precisa ser sagrado e não precisa ser eficiente.”

LAUDA XVII

Da Filosofia da Ciência



Nesta obra, K Poper debate sobre a significância e interesse dos problemas alicerçada na simplicidade de lhe dar com a problemática. E observa a relação entre a teoria cientifica e a especulação filosófica, estabelecendo um cárater e qualidade ao problema frente à audácia e originalidade da busca pela solução. O método é entendido como o meio crítico para solucionar os problemas, vendo na crítica uma tentativa de refutação.

"O método da ciência consiste em tentativas experimentais para resolver nossos problemas por conjecturas que são controladas por severa crítica. É um desenvolvimento crítico consciente do método "ensaio e erro." (POPER, 2004, p.16)

De certa forma, ergue-se ao campo de discussão o universo de tensão entre a noção de "saber e não saber" onde os problemas e soluções experimentais através do conhecimento revelam uma dialética entre os procedimentos de ensaio e erro. Nesse contexto da metodologia em Ciências Sociais, reconhecemos assim a objetividade do método crítico quando apontamos que "nenhuma teoria está isenta do ataque da crítica; e, mais ainda, que o instrumento principal da crítica lógica - a contradição lógica é o objetivo." (POPER, 2004, p.16)


POPER, Karl Raymund. Lógica das Ciências Sociais.RJ. 3º Ed.Tempo Brasileiro, 2004



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

LAUDA XVI


A Escola de Manchester, que atinge em cheio a antropologia inglesa com nomes como Vitor Turner, alcança o ponto de  crítica ao colonialismo.Num exercício de expressão e significação das opressões entre grupos, através de estudos de modernização das sociedades, revelando ecos das categorias marxistas na antropologia, com foco na ação social em relação a estrutura social envolvendo estudos acerca de impasses e conflitos observados na vivência intensa e "dramática" dos agentes e atores sociais, numa perspectiva em que a agência - ação, atitude contra a posição do sistema de reprodução social - se apresenta enquanto inovação das convenções sócio-culturais (a ossatura).

Nesse sentido, o culturalismo americano – de Boas – em relação a aculturação quando do encontro de culturas diversas forma uma Antropologia do paradoxo. Nos anos 60 nos EUA, vive-se a efervescência de questionamentos sobre os processos coloniais, numa espécie de oposição ao estruturalismo francês, na revelação de uma ambiguidade, quando se adota uma postura de inversão e anti-estrutura, numa espécie de suspensão.

Reconhecendo o ensaio sobre os abusos verbais de Edmund Leach e um outro texto para uma microssociologia do teatro do social a partir de Goffman tem-se, numa dialética entre o estrutural-funcionalismo e o funcional-estruturalismo, uma abordagem a partir do "drama social" enquanto unidade fundamental de análise com enredo e personagens.

Onde o Estado se apresenta num intricado jogo de oposição e conflitos, num ambiente onde a crise é superada por uma ação mediadora com a qual no desfecho se encontra o reforço da estrutura - reforço dos laços sociais entre grupos. O ritual, um sistema de símbolos equacionados, revelando uma interface entre sujeito, realidade (identificada como estrutura cotidiana), a anti-estrutura (como momento extraordinário) uma espécie de auto reflexão, que contribui para relativização da estrutura num jogo ambíguo, paradoxal e conflitante.

A consciência, sinônimo de agência revela uma transição sociológica, que aparece no texto "liminaridade e comunitas" que um ideal coletivo compartilhado é resultado de uma interação simbólica, normativa, valorativa e ideológica onde os sentidos e significados são dados de forma externa através do contexto histórico e social daquela forma cultural. A anti-estrutura, o estado liminar, representado por um modelo alternativo e por vezes espontâneo, de características episódicas, num ambiente efemérico no qual um fato processual é orientado pela regularidade.

Estrutura social e símbolo no contexto ritual.



Turner (1967) no texto "Liminaridade e Communitas " apresenta pontos críticos sobre as formas e atributos dos ritos de passagem; Arnold Van Gennep (1960) aponta "fase liminar" dos rites de passage "ritos que acompanham toda mudança de lugar, estado, posição social, de idade" apontando uma dialética entre "estado X transição".

"Status da função - condição estável, recorrente e culturalmente reconhecida. Onde os ritos de passagem ou transição: revelam momentos de separação, margem(limem) ou agregação. Levando em conta características como um comportamento simbólico (afastamento) do grupo, estrutura social (condições culturais) - "Estado", a situação "limiar" que representa o intermédio onde o sujeito ritual (o "transitante") entre estruturas "ambíguas" experimenta frente o domínio cultural de "reagregação" e "reincorporação".

O sujeito ritual pode ser individual ou coletivo, e possui direito e obrigações que são válidos dentro dum sistema de posições apresentado de um lado pela "Liminaridade" enquanto estado de personae das pessoas, ambiguidade entre as posições, leis, costumes, convenção e cerimonial através de simbolos que ritualizam as transições sociais e culturais, onde se desconstroem/constroem o status. 

A "Communitas" representa-se enquanto laços de casta, classe, ordens hierárquicas e posições segmentares. onde o a pessoa e personas sociais "é como se fossem reduzidas ou oprimidas até uma condição uniforme, para serem modeladas de novo e dotadas de outros poderes para se capacitarem a enfrentar sua nova situação de vida"(p.118)

"Nas iniciações com longo período de reclusão, tais como os ritos de circuncisão de muitas sociedades secretas, há frequentemente uma rica proliferação de símbolos" (p.118)

A liminaridade como momento de mistura, ambiguidade, atrelada a submissão e santidade bem como homogeneidade e camaradagem é como dar forma objetiva a um " momento situado dentro e fora do tempo", "dentro e fora da estrutura social" de maneira que "fragmentado em uma multiplicidade de laços estruturais".

Num "sistema estruturado", político, jurídico econômico o "comitatus", esse período liminar, não estruturado revela-se como área de vida em comum e que tem no "sagrado" um beneficiário dos "rites de paasage" que modera a questão do indivíduo.

"Reconhecer um laço humano essencial e genérico, sem o qual não poderia haver sociedade" ( p.119)

E assim dialeticamente, numa experiência sucessiva, num jogo entre "communitas" e "estrutura" revela-se momentos de homogeneidade, diferenciação, igualdade e desigualdade. Num espaço em que se experimenta  "ausência de status", uma espécie de "limbo" da vida social. Na relação entre pessoas, grupos, categorias, segundo Turner, coexistem "encargos" que na experiência da vida, a estrutura, sinônimo do Estado, e a communitas, que refere-se as transições, configuram as formas de liminaridade de um rito, a exemplo o de investidura.
No ápice da hierarquia político-legal estruturada, temos a "comunidade total", uma unidade não-estruturada orientada pelo "poder místico" enquanto "fonte ritual" força "política e militar" X o que é "ritualmente potente", o ponto a se pensar é o poder ou poderes dos fracos, sob os quais, fraqueza e passividade representam transações diacrônicas.

Posição social, "estrutura", entende-se como a "sincrônia de certas pessoas, grupos e categorias sociais nos sistemas políticos, legais e econômicos" onde os poderes "liminares", ou seja, "inferiores", identificados como os poderes rituais dos fracos, numa objetivação de uma "função profilática", preventivamente de autocontrole e autodomínio entre estágios pré-liminares e pós-liminares. Exemplos de "ausência de sexualidade" submissão e "silêncio" onde a autoridade é concentrada na "comunidade total" e "esta comunidade depositária da gama completa dos valores da cultura, normas, atitudes, sentimento e relações." (p.127)
Revelação - Fala - poder - sabedoria: Epifânia.

O conhecimento=sabedoria do grupo, gera um novo "status" a partir de uma forma impressa pelo social e sua "estrutura de posições" após a indiferenciação da liminaridade.

"Uma pessoa incumbida de um alto cargo fica especialmente tentada a usar a autoridade de que foi revestida pela sociedade para satisfazer desejos particulares e exclusivos. Mas deveria encarar seus privilégios como dádivas da comunidade inteira, que em ultima analise tem um direito supremo sobre todas as suas ações. A estrutura e os altos cargos promovidos pela estrutura são assim considerados como meios para o bem estar público, e não como recursos de engrandecimento pessoal. O chefe não deve "conservar a chefia só para si" (P.128)

"A função purificadora exercida pela liminaridade não está confinada a esse tipo de iniciação, mas forma um comportamento de muitos outros tipos em várias culturas" (p.129)

Num exercício de amadurecimento e autocrítica da disciplina, o pensamento social da Escola de Manchester, reitera a ideia de que o ritual vivifica a estrutura. Como em Shalins em que o estrutural é conjuntural, de maneira performativa e prescritiva, e a mudança social é estabelecida e realizada num contexto ritual, e a mudança da estrutura tem na cultura um ente social orientados da ação e a mudança e interpretada pelo símbolo em evidencia na ação, onde se opera o conceito de "eficácia simbólica".

terça-feira, 10 de setembro de 2013

LAUDA XV


Enquanto o Blog não pode ser devidamente atualizado deixo-vos com este endereço onde se encontra o texto:Notas sobre um texto fundamental: A Bahia crítica de Osmundo Pinho, publicado no Café com Sociologia.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

LAUDA XIV

Da instauração do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais[1]

 Há por aí um projeto de revolução. Alguns planejam, outros descobrem novas bombas, novas armas e saídas. A educação? Tudo começa e termina na educação. A educação tem um fim em si mesma. No entanto ela serve as artimanhas do capitalismo: reproduz sua cultura, coloniza as consciências, educa, enfim. O Colegiado de Ciências Sociais reunido em atenção dos afazeres para a confecção do Projeto Político e Pedagógico do Curso de Licenciatura, observa questões sobre o trabalho realizado pela comissão capitaneada pela Profª Doutora em Sociologia Mª Salete Nery, com o apoio de Bruno Durães e a presença marcante e contundente de Luís Flávio Reis Godinho, Doutor em Sociologia.

O projeto foi apresentado, a arquitetura foi apresentada, ainda com suas arestas e fissuras. As possibilidades de produção de conhecimento para o desenvolvimento do ensino aprendizagem das ciências sociais no ensino médio são caminhos para popularizar o conhecimento cientifico. Está na Lei, foi o que disseram os legisladores. Resta-nos opera-la e assim avançarmos sobre o mundo do trabalho, juntos, em marcha. As carteiras secundaristas aguardam, os jovens estão sedentos, ansiosos pela sociedade e suas formas de conhecer.

O mundo moderno e sua sociologia do cotidiano nos diz que o trabalho, a família e o lazer compõe os dias, no entanto as formas de perceber se complexificam e o real se torna impenetrável. A alienação orienta as interpretações, a ideologia presentifica consciências reificadas, a mercadoria faz de tudo fantasmagoria. Um tempo em que precisamos de lentes e telas para ler o mundo de imagens cada vez mais iconoclásticas e herméticas. O solipsisimo é o fundamento da reflexividade, é a marca cabal da sociedade; o individualismo e o fetiche predominam sobre as escolhas e comportamentos.

Por novos alunos e professores, por novas vagas para o colegiado, mais cientistas sociais atuantes e transformadores de sua realidade, por uma multidão de agentes críticos em contato cada vez mais cedo de nossa juventude e que os princípios que regem a sociedade em que se vive e suas complexas relações, sejam conhecidas.

Pode ser que o conhecimento da sociologia não signifique controle ou poder sobre a vida social, ainda que o maior conhecimento sobre as estruturas sociais e seus mecanismos de funcionamento não nos garantam uma chance de vencer as ululantes obviedades que nos cercam, destarte nos permitem estabelecer uma relação dialética e dialógica com os problemas sociológico e questões sociais de nosso tempo.



[1] Representação estudantil na Comissão de Implantação da Licenciatura. Centro Acadêmico de Ciências Sociais – Gestão a inclusão do outro 2012-2013.