quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Lauda XXV

SOBRE O PENSAMENTO SOCIAL DE H. ARENDT E AS RELAÇÕES ENTRE A ESFERA PÚBLICA E A ESFERA PRIVADA.



“O único fator material indispensável para a geração do poder é a convivência entre as pessoas”

No entender de Hannah Arendt, o estabelecimento do complexo social, ou seja, as relações sociais desenvolvidas entre os sujeitos são marcadamente dotadas de caracteres políticos. A dicotomia esfera pública/esfera privada apresentada pela autora, serve como paradigma teórico para explicitar como são gestadas as relações de poder no seio da sociedade ocidental desde a “polis”grega, perpassando a “societas” romana, alcançando as dimensões medieva-feudais através das leituras de Sto. Tomás de Aquino e Sto. Agostinho desembocando na modernidade das relações burguesas apontando de tal maneira para uma aguda crítica aos pressupostos marxianos em vários aspectos.

De modo que a percepção analítica e filosófica de Arendt, apoiando-se na ética cristã termina por indicar a demanda das interações sociais num plano de massificação tanto da ação quanto do comportamento, categorias estas últimas que sintetizam a lógica do pensamento da autora, pois que a compreensão da sociedade orgânica do “lar” sendo “devorada” pela sociedade exterior e reprodutiva de massas, gera sobremaneira os argumentos que justificam a construção social do poder e como manifestam os elementos de dominação seja ela econômica, política e cultural.

Desde as relações de escravagismo ou dominação territorial, bem como de patriarcalismo ou excelência em público é possível observar que a panaceia para o estabelecido problema do conflito ou das inerentes contradições que emprenham a convivência social é a assunção de que não é possível viver como um “deus” no isolamento, logo as problemáticas que se apresentam no meio social, ou político, devam ser dissolvidas pela tomada de consciência de que esta é a condição humana.


Nenhum comentário:

Postar um comentário