Alguns
livros, contam sobre fatos, histórias, contos ou fábulas, mitos ou teorias,
métodos etc., outros retomam
e nos remonta a toda uma época. A distância entre o clima mental renascentista
– envolto em ares de modernidade – e a atmosfera enevoada do baixo medievo
sobre a relação entre a tradição helênica e a mentalidade racionalista se torna
observável, a partir do momento em que se passa a dar mais importância às fontes
de pesquisa, principalmente enquanto consulta para referência crítica das
indicações bibliográficas e possibilidade de averiguação da credibilidade das
referidas citações, apontadas com elementos de distinção entre períodos e
visões das ciências humanas e sociais sobre a sociedade.
A
teoria é como ter a visão de um pensamento ainda não escrito, o olhar por sobre
uma realidade ainda não revelada. Constata-se a imagem do (e|ou) no espelho
como metáfora da reflexividade e circularidade da representação da modernidade
no contemporâneo. A projeção de uma visão de conjectura sistemática é a espécie
história social sociologizada. A conjuntura social da modernidade revelou o
intelectual renascentista, posto entre a socioestética humanista o código de
honra e virtude herdado da teologia católica frente a paradigmas oriundos de um
modelo posto num estilo determinado pela língua sejam as latinas (italiana,
francesa, espanhola e portuguesa) ou as germânicas ou anglo-saxônicas. Essas
tradições construídas enquanto traduções e citações de um conhecimento
compreendido entre a razão e magia, entre a Alquimia de Paracelsus ou a Cabala
de Alberti, apresenta uma síntese de um significado de visão de mundo e prova
do temperamento da cultura moderna.
A
escrita por meio da reprodução dos copistas foi, aos poucos, substituída pela
vocação à escrita pela escrita. A razão viria para espantar os “fantasmas da febre” no delírio assombroso que a metafísica
da Igreja legou aos fiéis, sendo posto a prova com argumentos de uma consciência
científica e filosoficamente materialista. A saber, pela visão de Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino, retomando em princípio Aristóteles. O ócio, o
desejo de aprender, a vida livre, a ausência de regras definidas além da
possibilidade de contemplação da vida era a condição desse novo pensador
renascentista, aliado a figura grega do mentor enquanto o jovem intelectual
torna-se um escrivão das lições aprendidas. O mestre acompanha até onde pode
seu discípulo o ensinando sobre a distinção entre a verdade e sua suspensão de
validade se não for verificável em ideias e em realismo.
A
academia atual ainda preserva esse papel de um preceptor intelectual como no
caso das relações entre orientadores e orientandos. A busca por um discurso
onde a palavra em si consiga dar provas de percuciência, sem procurar opor
diretamente os sentidos e a tecnologia, as obras da mente humana como máquinas
e engenharias, são tomadas como fatos naturais antes da revolução científica,
como o exemplo da teoria da Evolução, consideradas como derivada de causas
divinas.
No
entanto cabe a mim lembrar que os pensamentos estão na mente, um lugar que não
reconhece como limite a natureza. Oxalá “que minha mão não trema” no momento de principiar a observação
da dedução do grande mundo social ante os espelhos dos grandes livros e
imagens, essas escrituras que, a partir de agora, científicas e racionais,
passam a compreender e modelar a realidade.
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