segunda-feira, 4 de março de 2013

LAUDA VII

Émile Durkheim: breves notas.

***

Nas Regras do Método Sociológico, obra que é pedra angular nos estudos paradigmáticos e metodológicos em ciências sociais, Émile Durkheim (1858-1917) expõe sobriamente os princípios que irão reger a investigação e atividade sociológica dali em então.


Na busca por estabelecer bases sólidas ele vale-se das relações de causa e efeito e do sistema comparativo em alta na etnologia que por hora também se desenvolvia, a saber, que o processo histórico na teoria durkhemiana pode ser visto enquanto um laboratório do social, uma coleção de elementos e fatos que permitam perceber uma um encadeamento e por sua vez uma possibilidade de concatenar de forma harmônica no intento por buscar um equilíbrio através da concepção de uma possível morfologia na qual o sistema social agindo de modo determinante sobre as “consciências individuais” possibilitam a perpetuação dos fatos sociais.

Dessa maneira o autor demonstra as premissas que vão nortear o desenvolvimento do pensamento social científico estabelecido em parâmetros que questionaram de maneira crítica as relações entre teoria social e reprodução social no alvo da manutenção das estruturas e mecanismos de funcionamento do arquipélago de eventos que compõe o “sociaux”.
***
No bojo da sociologia de Durkheim se elabora um conjunto de argumentos revestidos em conceitos, classes e categorias que visam modelar o real a partir da pujança das formas societais.

De tal maneira, a religião – instituição social que reúne uma maneira de proceder sobre a realidade que se impõem sobre o processo de estabelecimento da relação entre o homem e o mundo – produz por sua vez uma cosmologia, ou seja, uma cosmovisão que se formula de modo a estruturar o modelo de compreensão da consciência particular a partir das representações sociais da consciência coletiva.

Assim no escopo do corpus de instrumentos utilizados para interpretar, ou melhor, apreender o real, exterior, sensível ao indivíduo se configura uma série de aparatos de conhecer o real. De forma que no interior da escola sociológica francesa, uma teoria do conhecimento se conjectura medianamente crítica ao empiricismo inglês e a redefinição das linhas que contornam a concepção do neo criticismo kantiano.
Redefinindo os pressupostos epistemológicos nos quais a ideia da razão é posta de maneira relacional ao conceito de empirismo no modo de interagir com o real, emergem assim postulados que comportam a consciência e seus fenômenos em seus níveis de percepção configurados no seu ousado plano das categorias fundamentais do entendimento humano além de ver nos fenômenos sociais a manifestação da dominação das estruturas coletivas sobre as estruturas de cognição individual.

A coisa sui generis que é a experiência do “sociaux” é o movimento que estipula e corporifica o paradigma de Durkheim no tocante as relações do sujeito cognoscente frente ao objeto cognoscível, bem como para entender e explicar todo amplo complexo que se estabelece no seio das relações que acontecem no ambiente das práticas religiosas.
***

Categoricamente, sua visão considera acerca do sistema religiosos e consequentemente a identificação de uma economia sistemática de produção de valores, morais, éticas e, por conseguinte, da criação de formas materiais que representem uma interface entre o homem e o sagrado.

Seja de maneira concreta nos totens e símbolos, ou de forma performática e ritualística nos cultos ou celebrações cerimoniais, as ações nas quais se cristaliza o conceito de religião para nosso autor, está indubitavelmente atrelado a parte que cabe ao todo social e sua função, poder e lugar de importância na esfera da arquitetura dos movimentos societais, onde a espontaneidade aparece como projeção ideal e metafísica da vida material objetiva.

E entendendo os seres espirituais que agem no organograma religioso como parte que esta além de si mesmo, no que diz respeito ao indivíduo, o qual encontra a dimensão espiritual no dialogo da consciência individual com a entidade suprassensorial que é o todo social em sua expressão plena de influência e somatismo no ser social, ou seja, a produção da crença enquanto valor compartilhado que permite a percepção de um ponto de vista e referencial comum.



Nenhum comentário:

Postar um comentário