SOBRE O PENSAMENTO SOCIAL DE H.
ARENDT E AS RELAÇÕES ENTRE A ESFERA PÚBLICA E A ESFERA PRIVADA.
“O único fator material
indispensável para a geração do poder é a convivência entre as pessoas”
No
entender de Hannah Arendt, o estabelecimento do complexo social, ou seja, as
relações sociais desenvolvidas entre os sujeitos são marcadamente dotadas de
caracteres políticos. A dicotomia esfera pública/esfera privada apresentada
pela autora, serve como paradigma teórico para explicitar como são gestadas as
relações de poder no seio da sociedade ocidental desde a “polis”grega,
perpassando a “societas” romana, alcançando as dimensões medieva-feudais
através das leituras de Sto. Tomás de Aquino e Sto. Agostinho desembocando na
modernidade das relações burguesas apontando de tal maneira para uma aguda
crítica aos pressupostos marxianos em vários aspectos.
De
modo que a percepção analítica e filosófica de Arendt, apoiando-se na ética
cristã termina por indicar a demanda das interações sociais num plano de
massificação tanto da ação quanto do comportamento, categorias estas últimas
que sintetizam a lógica do pensamento da autora, pois que a compreensão da
sociedade orgânica do “lar” sendo “devorada” pela sociedade exterior e
reprodutiva de massas, gera sobremaneira os argumentos que justificam a
construção social do poder e como manifestam os elementos de dominação seja ela
econômica, política e cultural.
Desde
as relações de escravagismo ou dominação territorial, bem como de
patriarcalismo ou excelência em público é possível observar que a panaceia para
o estabelecido problema do conflito ou das inerentes contradições que emprenham
a convivência social é a assunção de que não é possível viver como um “deus” no
isolamento, logo as problemáticas que se apresentam no meio social, ou
político, devam ser dissolvidas pela tomada de consciência de que esta é a
condição humana.
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