QUESTÕES EM ANTROPOLOGIA MODERNA
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Sobre as “formas de subjetivação” e “agência.”
É indispensável a noção de subjetividade no debate dentro do corpus de
uma antropologia crítica ou uma sociologia interpretativa, ou seja, no campo de
uma ciência social de base hermenêutica. E o desenvolvimento dessa noção ganha
importância quando passamos a observar as relações entre as formas da cultura e
seu grau de influência no modo como se organizam e se causam afetos,
pensamentos na estrutura interna dos sujeitos atuantes.
Observando juntamente com (ORTNER;2007.p.376) “uma luta sobre o papel do
ser social – a pessoa, sujeito, ator ou agente – na sociedade e na
história.” na superação de tradições como a “restrição” social em
Durkheim e o Marx de seu “determinismo” social apresenta-se nos anos 60 com
Sartre a primazia da liberdade humana.
O Estruturalismo que maduro em Levi-Strauss se diferencia de Durkheim no
par dialético liberdade/determinismo apontando para que o “pensamento humano,
em si, é simples um efeito, ou um meio, para o puro jogo da estrutura” (ORTNER;
2007; 377-378). Já na leitura de um “homem em dissolução” temos que “a crítica
do conceito de “homem” começa a enfatizar não só as suas qualidades ilusórias
de um ponto de vista filosófico (o self
como um lócus originário de coerência, intencionalidade, criatividade e assim
por diante), mas sua especificidade ideológica.” Com bases numa negativa a “um
projeto especificadamente ocidental de dominação: os homens brancos
colonialistas.”
Ainda, segundo Ortner, nesse debate a teoria social apresenta o
pensamento de Bourdieu que no qual “o sujeito internaliza as estruturas do
mundo externo, tanto as definidas culturalmente como as objetivamente reais.
Essas estruturas internalizadas formam habitus, um sistema de disposições que
inclinam os atores a agir, pensar, e sentir de maneiras consistentes no limite
da estrutura.” Assim para Ortner “a principal ênfase da argumentação de
Bourdieu sobre habitus é nas formas
pelas quais este estabelece uma gama de opções e limites para o ator social.”
A mediação entre as formas de subjetivação e agência, se sintetizam em
Giddens quando ele aponta para a teoria da estruturação e como esta é produzida
pela interação entre o self e a
estrutura social em seus mais diversos níveis de gradação e sentido. A partir
da questão que remete a ação, sua determinação mostra-se reflexiva e em regime
de dualidade.
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Cultura e
Identidade Étnica entre os conceitos e a política.
As noções de “cultura” e
“identidade étnica” são aspectos cada vez mais determinantes nos debates
sobre a sociedade, principalmente no século 20 com a emergência das gerações de
populações derivadas de processos de miscigenação e hibridização cultural que
disputam espaço nas esferas de poder da sociedade moderna.
Assim o arranjo de definições e categorias capazes de reger as letras
jurídicas, por exemplo, que são influenciadas pelos desenvolvimentos
conceituais no campo de mobilizações em torno da disputa de frentes de “ação social” envolvidas. As “rachaduras hermenêuticas” permitem um
exercício da imaginação sociológica observando aspectos como criatividade
política e jurídica. A exemplo do que acontece com o conceito “remanescente”,
que historiadores e antropólogos reúnem-se para traçar parâmetros de caracterização
desta questão.
Nas Ciências Sociais o debate entre as tradições disciplinares que
determinam a análise de conteúdo ligado a essas questões estabelece uma
superação sistemática e reflexiva para interpretação da realidade histórica e
cultural de certas populações. Nesse sentido é possível exemplificar no caso da
definição de “quilombola” como essa
representação e identidade, enquanto autodeterminação e justificação legal e o
atrelamento ao território, marcam de maneira fundamental o processo reconhecimento
e identificação de uma matriz cultural de um agente formador de um ethos, característico, que em sua
especificidade marca uma determinada cultura partindo da premissa de que seu ethos configura um conjunto de práticas
socialmente compartilhadas.
Enfim, toma-se cultura e identidade étnica como “chaves classificatórias”
para a determinação dos debates sobre sujeito, poder no jogo de “controle
cultural” da “diversidade de sociedades e culturas” transformadas por “mutações
estruturalmente semelhantes entre si” através de mecanismos como isolamento,
pureza, contaminação, interação no procedimento para estabilizar a alteridade e
neutralizar “populações subalternas que é preciso educar e controlar.”(ARRUTI;
1997;p.10)
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O “sujeito” e a
“identidade” na “modernidade tardia”.
Desde de quando Stuart Hall (2003) emerge e com ele os cultural studies, novas fronteiras entre
o sujeito fragmentado e multideterminado por estruturas fraturadas surgem para
dizer dos avanços no campo da crítica literária e da arte como um todo, e
principalmente nas ciências sociais, em especial, a antropologia cultural.
A ideia de sujeito e sua formação de identidade nesse período de
pós-modernidade, traz consigo o signo da
indeterminação aliado a radicalização de suas contradições em plano de
conflito.O homem que parte em estilhaços, ao mesmo tempo remete-se a pontos
distantes no tempo e no espaço para fincar pé e adensar sua dimensão mais
própria, sua expressão mais peculiar. E em busca dessa idiossincrasia, que
marcaria os campos de significação e autodeterminação do sujeito e sua auto referência
identitária, passando pelo processo de reconhecimento.
Afirmam-se cada vez mais pontos de tensão e acirramento das
desigualdades, produzindo assim um referencial de aproximações e distanciamentos
recíprocos por pontes de transmissão de sentido, num plano estético e simbólico
no campo da cultura. As relações “desencaixadas”
da modernidade radicalizada, pensando com o auxilio de Giddens (1989), revelam
a natureza desta desestruturação das identidades num espécie de desregulação
das formas ordinárias do reconhecimento do sujeito quanto a gênero, raça etc..